Mordida cruzada, um problema com consequências graves!  

Artigo da Médica Dentista:

André Amaro Antunes; LP: N.º 03537/OMD


Saiba como identificar este problema numa fase precoce e conheça as soluções mais eficazes.

A mordida cruzada, muitas vezes negligenciada, é uma má oclusão que representa uma alteração no alinhamento dos dentes e no modo como eles se encaixam. Essa condição pode causar impactos significativos no crescimento facial, na mastigação, na fala e até no desenvolvimento da articulação temporomandibular (ATM). Reconhecer esse problema precocemente é fundamental para garantir um tratamento eficiente, que pode evitar complicações mais sérias no futuro, como desgaste dentário irregular, dores e assimetrias faciais. Conheça os sinais de alerta e as soluções mais indicadas para corrigir a mordida cruzada de forma eficaz.

molde de mordida cruzada

O que é a mordida cruzada?

Numa situação de oclusão normal, ao encostarmos os dentes com a boca fechada, os dentes do maxilar inferior encaixam por dentro dos dentes antagonistas do maxilar superior. Quando ocorre o contrário - ou seja, quando um ou mais dentes do maxilar superior fecham por dentro dos dentes da arcada inferior - estamos diante de uma mordida cruzada. A mordida cruzada pode ser unilateral, quando essa inversão acontece apenas de um lado dos maxilares, ou bilateral, se envolver ambos os lados. Essa condição pode ter origem genética, mas é frequentemente observada em crianças que apresentam respiração oral, uso prolongado de chupeta ou hábito de sucção digital. 

Esse padrão irregular de dentição pode alterar o crescimento dos maxilares e comprometer a simetria facial, tornando essencial a sua identificação e correção precoces. A mordida cruzada posterior unilateral é a mais prevalente, sendo que o desalinhamento entre o maxilar superior e a mandíbula cria desequilíbrios na mastigação, favorecendo o desenvolvimento assimétrico do rosto e consequentemente a adoção de posturas compensatórias.

Como diagnosticar?

O diagnóstico da mordida cruzada em crianças deve ser realizado por um odontopediatra ou por um médico dentista especialista em ortodontia infantil. A observação clínica é acompanhada de fotografias, exames imagiológicos, análise dos padrões de mastigação e respiração.


Alguns sinais precoces a que os pais devem estar atentos:

 

- Desvio da mandíbula ao fechar; 

- Mastigação sempre do mesmo lado;

- Dificuldades na mastigação;

- Desgaste dentário desigual; 

- Sorriso assimétrico;

- Dores de cabeça ou na mandíbula.

Qual o melhor momento para intervir?

O tratamento da mordida cruzada é mais eficaz quando iniciado precocemente, desde que a criança já tenha idade para colaborar. Nessa fase, os ossos ainda estão em desenvolvimento e respondem melhor às abordagens ortopédicas e funcionais. Intervir durante a janela ideal, que geralmente se situa entre os 5 e os 9/10 anos de idade, pode prevenir complicações e evitar tratamentos mais invasivos e complexos no futuro.


Entre os tratamentos recomendados nessa fase estão o uso de expansores palatais, que ajudam a alargar o maxilar superior, e aparelhos ortodônticos removíveis que auxiliam no reposicionamento correto dos dentes e maxilares.

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O que é a Ortopedia Funcional dos Maxilares?

A Ortopedia Funcional dos Maxilares utiliza aparelhos ortopédicos removíveis, totalmente personalizados para cada criança, que de forma natural e progressiva estimulam o crescimento ósseo e promovem a correta posição dos dentes, eliminando interferências funcionais indesejáveis.

No caso da mordida cruzada, o objetivo do tratamento é expandir o maxilar superior, corrigindo a discrepância entre os maxilares. Ao intervir na estrutura óssea, é possível reeducar o sistema neuromuscular da boca e da face, restituindo de forma harmoniosa não apenas a estética facial, mas também as funções de mastigação e fala.

Consequências de não tratar a tempo

A falta de correção da mordida cruzada em tempo adequado pode resultar em assimetrias faciais visíveis, sobrecarga muscular unilateral, dores articulares e problemas de oclusão persistentes. Nos casos de mordida cruzada anterior, é frequente ocorrer subdesenvolvimento do maxilar superior (retrognatismo), comprometendo não apenas a estética facial, mas também a função respiratória.

Distúrbios respiratórios noturnos associados à má posição mandibular podem afetar a qualidade do sono e, consequentemente, o rendimento escolar. Além disso, a não intervenção precoce pode tornar o tratamento futuro mais complexo e prolongado, muitas vezes necessitando de abordagens ortodônticas ou cirúrgicas mais invasivas na idade adulta.

Tratar a Mordida Cruzada em Adultos

O tratamento da mordida cruzada em adultos tende a ser mais demorado do que em crianças ou adolescentes, pois a estrutura óssea facial já está totalmente desenvolvida e mais rígida. Ainda assim, com um acompanhamento especializado e a colaboração do paciente, é perfeitamente possível alcançar resultados satisfatórios, garantindo uma mordida funcional e saudável.

A intervenção geralmente envolve o uso de aparelhos ortodônticos fixos ou alinhadores invisíveis, que podem, em alguns casos, ser combinados com aparelhos ortopédicos removíveis para otimizar os resultados. Além disso, em situações mais complexas, pode ser necessário recorrer a técnicas complementares, como a expansão assistida ou mesmo procedimentos cirúrgicos, garantindo um tratamento eficaz e duradouro.

A importância de uma abordagem multidisciplinar

Na MALO CLINIC, o tratamento da mordida cruzada é realizado por uma equipa especializada, que inclui ortopedistas funcionais e ortodontistas, podendo envolver também a colaboração de terapeutas da fala e otorrinolaringologistas, sempre que necessário. Esta abordagem integrada garante resultados mais completos e duradouros, pois atua na causa funcional do problema, e não apenas na posição dos dentes, promovendo assim um equilíbrio global da saúde oral e facial.

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FAQ's

Como posso saber se o meu filho tem mordida cruzada? 
Observe se a mandíbula desvia ao fechar, se mastiga sempre do mesmo lado ou se apresenta desgaste irregular dos dentes. Nestes casos, o ideal é agendar uma avaliação com um médico dentista especialista em ortodontia infantil.


Os aparelhos ortopédicos removíveis interferem na fala e podem afetar o rendimento escolar?
Os aparelhos ortopédicos removíveis podem provocar pequenas alterações temporárias na fala nos primeiros dias de utilização, como uma leve dificuldade em articular alguns sons. Contudo, com o tempo e a adaptação
, a maioria das crianças recupera rapidamente a normalidade na fala. Estes aparelhos não costumam afetar o rendimento escolar, já que a adaptação é geralmente rápida e não interfere na capacidade de aprender, comunicar ou socializar. É fundamental encorajar a criança a usar o aparelho conforme as orientações do médico dentista, garantindo assim um tratamento eficaz e tranquilo.

O tratamento é doloroso? 

Não. Os aparelhos de ortopedia funcionais aplicam estímulos suaves e fisiológicos. Podem causar um ligeiro desconforto inicial que desaparecerá com a utilização regular.

Quanto tempo dura, em média, o tratamento para mordida cruzada?
A duração do tratamento para mordida cruzada depende de fatores como a gravidade do caso, a idade do paciente e o tipo de aparelho utilizado. Em crianças, com aparelhos removíveis ou expansores, o tratamento costuma durar entre 6 meses e 1 ano. Em adolescentes e adultos, com aparelhos fixos, alinhadores transparentes ou tratamentos combinados, o tempo pode variar entre 1 e 2 anos, dependendo da resposta individual ao tratamento. Após o tratamento ativo, é fundamental uma fase de contenção, para garantir que os resultados se mantenham estáveis e prevenir recidivas. Quanto mais cedo o diagnóstico e a intervenção, mais simples e rápido tende a ser o tratamento, aproveitando o crescimento natural da criança. O acompanhamento regular com o ortodontista continua a ser essencial para alcançar e manter um sorriso saudável e funcional.


A mordida cruzada pode voltar após o tratamento?

Quando o tratamento é realizado de forma correta e seguido do uso adequado de contenções, a probabilidade de a mordida cruzada voltar é baixa. No entanto, fatores como o crescimento ósseo natural, as características individuais de cada paciente e hábitos orais (como chuchar o dedo, roer unhas ou má postura lingual) podem contribuir para o reaparecimento do problema. Por isso, é essencial seguir todas as recomendações do ortodontista, utilizar as contenções conforme indicado e manter consultas de acompanhamento regulares, garantindo assim a estabilidade dos resultados a longo prazo.

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