Pericoronarite: o que é e como tratar 

Artigo da Médica Dentista:
Mariana Nunes; LP: N.º 5561/OMD

Descubra o que é a pericoronarite, quais as suas causas e quais os tratamentos possíveis.

A pericoronarite é uma inflamação dos tecidos moles que rodeiam um dente parcialmente erupcionado, ou seja, que ainda não nasceu totalmente. Este problema ocorre com mais frequência nos terceiros molares, isto é, nos dentes do siso, especialmente quando nascem de forma incompleta ou desalinhada. Nestes casos, parte do dente permanece coberta por uma camada de gengiva, criando um espaço onde restos alimentares e bactérias se podem acumular, originando uma infeção.


Esta é uma condição comum em jovens adultos, entre os 17 e os 25 anos, precisamente a faixa etária em que os dentes do siso costumam erupcionar. Apesar de ser mais frequente nos dentes inferiores, pode também acontecer nos superiores.

Quais são as causas da pericoronarite?

A principal causa da pericoronarite é a acumulação de bactérias e restos alimentares na região entre a gengiva e o dente parcialmente erupcionado. Como essa zona é de difícil acesso durante a escovagem, é comum que não seja limpa corretamente, favorecendo o desenvolvimento de bactérias e, consequentemente, a inflamação.


Assim, os fatores que podem contribuir para o aparecimento da pericoronarite num dente em erupção incluem:


  • Maus hábitos de higiene oral
  • Sistema imunitário enfraquecido
  • Stress ou fadiga (que podem afetar a resposta imunológica)
  • Trauma local (por exemplo um dente superior que morde constantemente a gengiva inflamada do dente inferior)


Principais sintomas

Os sintomas da pericoronarite podem variar consoante o grau de inflamação e infeção.

Nos casos mais leves, pode manifestar-se apenas como um ligeiro desconforto na zona. No entanto, à medida que a inflamação evolui, os sintomas podem tornar-se mais evidentes e incómodos:


  • Dor localizada na zona do dente afetado 
  • Gengiva vermelha, inchada e sensível
  • Dificuldade em abrir a boca ou mastigar
  • Mau hálito
  • Presença de pus
  • Febre (em casos mais graves)
  • Inchaço na face ou no pescoço (em situações de infeção mais avançada)


É importante não ignorar estes sinais, uma vez que, se não for tratada, a pericoronarite pode evoluir para complicações mais sérias, como a formação de um abcesso ou a propagação da infeção para outras partes do corpo.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da pericoronarite deve ser feito por um médico dentista. Por esse motivo, além das consultas de rotina, caso surja algum sintoma é importante marcar uma consulta para fazer uma avaliação para diagnosticar o problema. 

MARCAR AVALIAÇÃO

Para além da avaliação do grau de inflamação o dentista pode ainda solicitar uma radiografia para perceber a posição do dente e confirmar se há espaço suficiente para a erupção completa. De acordo com essa avaliação, o médico determinará qual o tratamento mais adequado.

Tratamentos mais indicados

O tratamento da pericoronarite depende da gravidade da inflamação e da causa subjacente. Nos casos mais simples, pode ser suficiente controlar a infeção com medidas de higiene oral e medicação.

Em situações mais avançadas, poderá ser necessário um procedimento cirúrgico.


Os tratamento para casos leves a moderados podem incluir:

  • Higienização rigorosa da zona afetada, com escovagem suave pelo menos duas vezes ao dia e uso de elixires antibacterianos;
  • Irrigação da gengiva para remover possíveis resíduos acumulados;
  • Analgésicos, em caso de dor intensa;
  • Prescrição de antibióticos e/ou anti-inflamatórios para controlar a infeção e aliviar a dor.


Estas medidas costumam ser eficazes quando a pericoronarite é detetada numa fase inicial. No entanto, é importante manter o acompanhamento com o médico dentista para garantir que o problema fica resolvido.


Em caso recorrentes e mais graves, o tratamento pode evoluir para a realização de procedimentos cirúrgicos, tais como:

  • Remoção do capuz gengival (operculectomia), isto é, retirar o tecido gengival que cobre parcialmente o dente, eliminando o espaço onde as bactérias se acumulam;
  • Extração do dente do siso, opção indicada quando o dente se encontra mal posicionado, não tem espaço para erupcionar completamente ou causa infeções frequentes.


A decisão entre manter ou extrair o dente deve ser tomada em conjunto com o médico dentista, e deve ter em conta a posição do dente, o estado de saúde geral e o histórico do paciente.

Como prevenir a pericoronarite?

Ainda que não haja uma maneira certa de prevenir a pericoronarite, a melhor forma de evitar complicações e infeções passa por garantir uma boa higiene oral e as visitas regulares ao médico dentista.


Algumas dicas práticas incluem:

  • Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia, com atenção especial à zona dos sisos para assegurar que não ficam acumulados restos de alimentos;
  • Usar fio dentário diariamente e idealmente antes da escovagem para remover resíduos entre os dentes;
  • Usar elixires com ação antibacteriana;
  • Realizar consultas com o médico dentista pelo menos de seis em seis meses, bem como higienizações orais;
  • Consultar o médico dentista se sentir qualquer dor, inchaço ou desconforto na zona dos dentes do siso;
  • Avaliar com o médico dentista a necessidade de extrair os dentes do siso antes que causem problemas.


A pericoronarite é uma inflamação comum, mas que não deve ser desvalorizada, pois pode causar dor, desconforto e até complicações mais sérias se não for tratada a tempo. Apesar disso, com o acompanhamento certo e medidas preventivas adequadas é possível evitar e tratar eficazmente este problema.

A nossa Equipa Clínica está aqui para ajudá-lo!

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