Xerostomia ou boca seca

Artigo de: Dr. Bruno Queridinha, N.º 7031/OMD

 Xerostomia, o que é?

A xerostomia é uma sensação subjetiva de boca seca e que ocorre muito frequentemente, associada a uma diminuição de produção de saliva pelas glândulas salivares. Ainda assim, existem casos em que as glândulas salivares funcionam normalmente. Este problema causa um grande desconforto no doente, podendo mesmo levar a outros problemas de saúde, pelo que não deve ser ignorado. Assim, é importante fazer sempre o diagnóstico com um profissional de saúde habilitado para identificar a xerostomia, entender as causas possíveis e realizar os tratamentos adequados.

boca seca

 Então, mas de que forma se sente a xerostomia, ou boca seca?

Quando a sensação de boca seca persiste durante algum tempo, pode haver:

Mucosas pegajosas e secas;

- Saliva espessa ou viscosa, espumosa;

- Mau hálito;

- Dificuldade em mastigar, falar ou engolir;

- Língua seca e rugosa, fissurada, com atrofia das papilas;

- Garganta seca ou dor de garganta;

- Alterações no paladar;

- Aparecimento de fissuras nos lábios, que podem inclusivamente inflamar e infetar (queilite angular), bem como úlceras na boca.

Secundariamente, pode haver um aumento da placa bacteriana, cáries e doenças gengivais.

Causas da Xerostomia

A xerostomia pode ter origens variadas. Se por um lado, pode haver uma causa médica, como a introdução de medicamentos (origem iatrogénica), por outro poderá ter origens ambientais. Seguidamente, categorizamos de uma forma simples:


Origem iatrogénica



  • Medicamentos: Certos medicamentos de prescrição e de venda livre, como anti-histamínicos, descongestionantes, anti-hipertensivos, relaxantes musculares e antidepressivos podem causar xerostomia. São centenas os medicamentos que associam a xerostomia como efeito secundário. Além disso, a quantidade de medicação também tem influência, mesmo que os medicamentos não sejam xerostómicos.


  • Tratamentos oncológicos: Tratamentos de radioterapia na cabeça e no pescoço podem afetar as glândulas salivares, levando à redução da produção de saliva;


Doenças sistémicas: Condições como a síndrome de Sjögren, Diabetes, Doença de Parkinson, Hepatite C, HIV, desordens do Sistema Nervoso, Doença de Enxerto versus Hospedeiro, podem também provocar secura da boca.

Fatores locais

Estilo de vida: Determinados hábitos nocivos, como fumar ou consumir álcool de forma excessiva, podem também afetar a produção de saliva;


Respiração oral: Quando a respiração é feita maioritariamente pela boca, por obstrução do canal nasal, a boca fica mais seca;


Desidratação: Não beber líquidos suficientes ou estar sujeito a condições que causem suores excessivos, vómitos, diarreia, perda de sangue ou febre podem resultar na sensação de boca seca;


Danos nervosos: Certas lesões na cabeça ou no pescoço podem afetar os nervos das glândulas salivares, levando igualmente à redução da produção de saliva;



Fatores de Desenvolvimento


Agenesia ou aplasia das glândulas salivares (em que uma ou mais glândulas estão ausentes ou o seu desenvolvimento é imperfeito ou incompleto).


O tratamento da xerostomia dependerá da correta identificação da origem, isto é, do diagnóstico. Poderá fazer a diferença entre a cura completa da condição ou apenas a sua gestão.

Mas como se realiza o diagnóstico da xerostomia?

O diagnóstico da xerostomia envolve, geralmente, um conjunto de etapas, para determinar não só a sua origem, mas também qual o tratamento mais adequado. O processo de diagnóstico da xerostomia passa, assim, por:


  • Histórica clínica adequada, incluindo recolha de informação sobre história familiar, história médica e dentária, medicação;


  • Exame clínico oral;


  • Medição da taxa de fluxo salivar, no fundo a quantidade de saliva produzida por minuto;


  • Análises clínicas para despistar eventuais doenças subjacentes;


  • Exames imagiológicos das glândulas salivares, procurando alterações morfológicas, presença de cálculos salivares, por exemplo.

Tratamento da Xerostomia

O tratamento da xerostomia tem como principais objetivos tratar as causas subjacentes, gerir sintomas, prevenir complicações. Alguns dos principais tratamentos incluem:


Garantir a hidratação: Aumentar a ingestão de líquidos para ajudar a manter a boca hidratada;


Recorrer a substitutos salivares: Em certos casos, podem ser recomendados substitutos de saliva, por exemplo em spray, gel,que proporcionam um alívio temporário da sensação de boca seca.


Medicamentos: Podem também ser receitados fármacos como pilocarpina e cevimelina que ajudam a estimular a produção de saliva;


Boa higiene oral com produtos adequados, normalmente contendo lactoperoxidade, lisozima e lactoferrina. É indispensável assegurar uma escovagem regular, bem como o uso do fio dentário, mantendo as consultas com o médico dentista ou higienista oral no mínimo de seis em seis meses, de forma a controlar os eventuais efeitos secundários que a xerostomia pode provocar na saúde oral, como a cárie dentária;


Alterações na dieta: Em casos de xerostomia, deve-se evitar a cafeína, o álcool e o tabaco, uma vez que estes secam bastante a cavidade oral.


Além disso, pode ser necessária a descontinuação ou alteração dos medicamentos ou da dosagem que fazem parte da terapêutica diária.

Quais as complicações da xerostomia, se não for tratada?

Caso não seja tratada, a xerostomia pode:


  • Aumentar o risco de cáries dentárias, doença periodontal;
  • Aumentar o risco de infeções fúngicas, tais como candidíase;
  • Dificultar o processo de mastigação, o que pode ter consequências a nível nutricional e, logo, sistémico.

A nossa Equipa Clínica está aqui para ajudá-lo!

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